sábado, 31 de dezembro de 2011

As delícias da vida


Jamais esquecerei as palavras de Roberto Shinyashiki em uma das muitas palestras que assisti. Ele declarou que, como médico, presenciou muitas pessoas em seu leito de morte. E, que nesse momento, as pessoas não se lamentavam pelo que deixavam de comprar ou pelas aplicações financeiras que não fizeram, porém todos, incondicionalmente, lamentavam-se de não ter vivido mais no sentido de curtir, aproveitar mais os familiares e amigos. Lamentavam-se de ter deixado de dizer o quanto admiravam ou amavam alguém.

Preciso assumir que gosto muiiiiito de dinheiro sim, adoro fazer compras, todavia, amo muito mais estar entre amigos e familiares. Por isso, tenho buscado o equilíbrio entre trabalho e vida social, pois também amo meu trabalho e sou feliz fazendo o que gosto.

Quando minha mãe faleceu, revi o tanto que ela trabalhou sonhando com o dia que se aposentasse e planejando tudo o que faria. Não sobrou muito tempo para curtir a aposentadoria tão almejada.

Procuro então viver o hoje. Não é tarefa fácil. Segundo os astrólogos, é uma missão quase impossível pois nasci sob o signo de câncer – que vive do passado – e tenho aquário como ascendente – que vive para o futuro. Portanto, o presente não existe para mim. Mas, encaro como um desafio e o meu aprendizado neste mundo: viver o hoje e, como dizia minha mãe: “O amanhã Deus dirá o que há de ser.”

Nesta minha filosofia de vida, este ano resolvi pedir alguns presentes.Deixei minhas amigas um tanto surpresas com a minha ousadia e ao mesmo tempo com a simplicidade do pedido. Porém, devo confessar que foram presentes que serão sempre inesquecíveis por tudo que eles significam.

Para minha comadre e amiga, pedi rabanadas ou aletria.Ela ficou até embasbacada com o meu pedido. Mas, compreendeu que ambos, pratos portugueses remetem à minha mãe, à minha infância e à mãe dela também.Durante minha infância, estes eram típicos pratos natalinos e já casada, passando as festas no salão de festas da minha casa, a mãe da minha amiga trazia as rabanadas para a minha casa. Não  é o simples desejo, é a viagem ao passado, aos momentos felizes.Se eu mesma fizesse, não seria a mesma coisa. Tenho que receber como foi na minha infância e num passado mais recente. Como o signo determina, preciso reviver o passado.

Para uma outra amiga, na maior simplicidade eu disse de chofre: “Você bem poderia me dar um presente de Natal..” Surpresa ela disse que se fosse possível, ela me daria. Eu expliquei que   adoro decoração de Natal e por isso sempre levo meus  filhos para ver a decoração de Natal. Porém, estou sempre dirigindo. Eu queria que alguém dirigisse para mim. Foi divertidíssimo pois várias outras amigas juntaram-se a nós nesta jornada mágica. Se milagre de Natal existe, bem ele aconteceu. Oito mulheres passearam pela cidade curtindo muito os enfeites de Natal. Uma das minhas amigas tirou até foto com um duende. Na verdade, planejamos uma viagem intergaláctica pelo mundo das estrelas e das luzes com ajuda da cientista do grupo.e respeitando a determinação do meu ascendente. Mas, acabamos realizando uma viagem de alegria, companheirismo, felicidade e magia. A magia do Natal nas coisas mais simples.
Encerro esta postagem com uma frase de Manuel Bandeira:
“Quero a delicia de poder sentir as coisas mais simples.”

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fazendo as malas das crianças


              Falamos tanto sobre desenvolver a autonomia das crianças e, por vezes, tropeçamos nesta tarefa. Aprendemos a fazer as malas, fazendo as malas. Não há segredo. Gosto de contar histórias de coisas que esqueci de levar em outras viagens:
  •  uma prima, por exemplo, esqueceu de levar chinelos na viagem de lua-de-mel e queimou tanto os pés, que no dia seguinte não podia andar; 
  • eu esqueci de levar a escova de dentes e fiquei como louca peregrinando pela cidade até encontrar uma farmácia;
  •  numa outra oportunidade, esqueci o RG, mas o passaporte salvou a viagem; 
  • outra vez,  quando meu filho era bebê, não levei uma sunga para ele e tive que improvisar com um biquine da irmã...imagina a situação!
  • em Paraty, não levei camisola e dormi com uma camiseta do meu filho....
  • não levei roupa de frio para o meu marido super calorento e ele teve que comprar pois estava frio em Gramado.
             Além de um momento divertido, ainda fica a experiência  de quem já passou  apertos por ter esquecido de algo.
            Procuro marcar com as crianças a hora de fazer as malas. Neste momento, conversamos sobre quantos dias passaremos e o que precisaremos. Juntos, começamos fazendo nossa lista: roupa para dormir, roupas íntimas, para sair à noite, passar o dia, piscina, higiene pessoal, meias, agasalhos e calçados. Como já estamos estudando a região com antecedência, já temos traçado um roteiro e estudado as questões metereológicas. Acaba virando um momento de farra e antecipação de viagem. 
                  Hoje, em casa, cada um arruma as suas malas, porém um confere as malas do outro. Assim, além de desenvolver a independência, aprimoramos também, o trabalho em equipe.



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Por você


Estava no supermercado caminhando entre as fileiras de alimentos quando me deparei com uma amiga. No momento em que paramos uns instantes para conversar, começou a tocar a música Por Você da Banda Barão Vermelho. Nesse instante, minha amiga suspirou e disse que gostaria que um homem cantasse essa música para ela. Voltei às minhas compras logo depois, porém aquela frase e a música não saiam do meu pensamento. Comecei pensando  se eu faria por mim mesma o que diz a letra da música pois sempre  aprendi que devemos fazer aos outros  aquilo que faríamos por nós mesmas :

Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno                    
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia pra virar burguês.


Você limparia os trilhos ou iria a pé do rio a Salvador por você mesma? Faria isso, então porque falta na ginástica mesmo sabendo que é para seu próprio bem?


Você tomaria banho gelado no inverno ou deixaria de beber pela sua saúde? Ou fica se boicotando?


Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome


Você controla alimentação porque isso é bom para sua própria saúde ou preocupada com o que os outros dirão  a seu respeito?

Então, antes de estar pronta para um relacionamento e, principalmente, antes de criar a expectativa de esperar que alguém faça isso por você...faça tudo isso por você e  quando, finalmente, você estiver pronta para “ aceitar a vida como ela é”, então seja capaz de cantar:


Desejaria todo dia, 
A mesma mulher


Então sim.. você, eu e todas as mulheres conseguiremos ser plenamente felizes...nos desejando, amando e curtindo.. Só é amada, quem ama. Seja a protagonista de sua própria história sem colocar sua felicidade nas mãos de  ninguém.






quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Proibido e o Permitido

                        Observando os contos de fada, vemos que as heroínas sempre infringem uma regra e por isso acabam sofrendo sérias conseqüências. A Bela Adormecida tocou no  fuso, Branca de Neve abriu a porta para estranhos e a Bella foi até a Ala que havia sido dita claramente que era proibida. Na verdade, a lição implícita é NUNCA desobedeça uma ordem dada.
                        Por outro lado, por que as princesas são tão teimosas? Será um problema genético? Ou excesso de mimo?A.G. Roemmers coloca em seu livro “O Retorno do Jovem Príncipe” que “Existem aqueles que trancam seus filhos ou outras pessoas em jaulas com grades de exigências, expectativas e temores – disse eu -, sem entender que tudo que é imposto como obrigação necessariamente provoca resistência.”
                         Voltando aos contos de fada, concluímos que como pais ou cuidadores, seria melhor explicar e conversar sobre as conseqüências que simplesmente proibir, pois a proibição leva à resistência e à desobediência acirrando ainda mais a curiosidade.
                          Ainda na mesma linha, o citado autor afirma que:” Há uma ordem externa da qual precisamos para nos sentir confortáveis e cuja intensidade varia segundo cada um de nós.” Portanto, acertar arestas, impor limites e estabelecer um ritmo são fundamentais para que a criança cresça segura, feliz e seja capaz de viver em sociedade. Entretanto, as proibições insensatas e originadas no medo, apenas levam a atitude que se procura evitar.
                          Educar é um risco. Não há fórmula, estamos sempre na tentativa e erro.
                    

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vida de MÃETORISTA


                            Certo dia, eu estava sentada na manicure  e ao ser perguntada porque estava com tanto sono, expliquei que tinha ido buscar  minha filha numa festa às 2h da manhã e depois levantado às 6 para levar meu filho para o treino da natação. Neste momento, uma senhora do outro lado do salão disse que os filhos voltam de táxi porque ela não levanta da cama por nada deste mundo.Não respondi. Não debati. Preferi manter-me quieta porque cada um educa  seus filhos e leva  a vida que escolhe, porém sorri comigo mesma, feliz. Foi aquele sorriso silencioso de quem está de bem com seu coração, sua intuição, sua alma. O sorriso de quem tem certeza de que está no caminho certo e pretende continuar nele.
                               Inconformada com meu silêncio, a senhora resolveu tentar-me, ofertando-me o telefone do disk-táxi que ela utiliza. Agradeci com um sorriso e expliquei que eu gosto de ir buscar meus filhos nas baladas pois aproveito para ver o que acontece  na cidade enquanto  as pessoas dormem, além de ver quem são e como pensam os amigos dos meus filhos.
                                Decidida a me convencer, atacou-me dizendo-me que preciso deixar  de superproteger meus filhos e descansar mais.Mais uma vez, sorri e expliquei que meus filhos são super independentes pois ainda adolescentes são capazes de andar  a pé ou de ônibus pela cidade, fazem matrículas em cursos, fazem as próprias malas, cozinham e  fazem compras, organizam suas coisas e  me ajudam no que preciso em casa ou no trabalho. Porém, eu, pessoalmente, acho que após carregá-los em meu ventre por nove meses, dar à luz com parto normal e amamentá-los por seis meses, acordando durante as madrugadas de frio de três em três horas, sair ocasionalmente da cama para ir buscá-los na balada não é um sacrifício, é um prazer. Ademais, fico sabendo de tudo que "rolou" direto da fonte pois eles estão tão animados conversando entre si que nem se tocam que eu estou ouvindo.
                                  Na verdade, é um trabalho em equipe. Eu os ajudo e eles me ajudam. Subitamente, ela parou de me importunar e pude retomar o meu assunto com a minha manicure sobre a cor do esmalte que eu usaria naquele dia. 
                          Acredito que devemos seguir nossa intuição pois não há regras nem manuais. Faça o que a sua consciência mandar.