sábado, 31 de março de 2012

Complexo de Peter Pan


                  Uma consulta à pediatra que jamais esquecerei aconteceu quando meu filho tinha por volta dos dois anos. No meio da consulta, de chofre, sem prévio-aviso, a doutora perguntou-me:”Ele é o seu bebê, não é mãe?” Diante da minha resposta afirmativa, ela disse:” Lamento-lhe informar, mas ele não é mais um bebê. Deixe-o crescer.” Saí do consultório abalada e constatei o que vários pedagogos já haviam descrito sobre as mães:” As mães tendem a tratar o filho mais novo como um bebê especialmente quando decidiram que não terão mais bebês. É uma forma de se agarrar a ele e manter a sensação de ser mãe sempre próxima.”

                    Mais recentemente, flagrei-me chamando meu filho de treze anos de meu bebê e, para completar, encontrei com uma amiga que faz a mesma coisa. Então, após esta conversa com ela, recordei-me de um livro que li há algum tempo  chamado A Síndrome de Peter Pan  de Dan Kiley.. Neste livro, o autor explica que o indivíduo com esta síndrome tende a apresentar rasgos de irresponsabilidade, imaturidade, cólera, dependência e negação do envelhecimento. Para manter-se sempre jovem, o indivíduo foge das responsabilidades como forma de negar o inexorável ritmo da vida.
                    Apesar de não aparecer nos manuais de transtornos mentais, todos podemos observar este tipo de comportamento recorrente em muitos indivíduos que nos cercam. Acredita-se que estes comportamentos imaturos sejam frutos do tipo de lar, de fatores educacionais, emocionais e fisiológicos.
                    Ao digerir tudo isso, comecei a  relacionar esta síndrome e a maneira como nós mães tratamos nossos filhos mais novos prolongando a infância ou até perpetuando-a. Será que nós mães contribuímos com essa situação? O carinho e o amor que sentimos precisa sempre ser acompanhado de lucidez e muito cuidado. Para ajudar neste caminho contamos com as amigas, pediatras, professores, enfim todos que nos cercam. Partilhando informações em conversas informais, acordamos para pequenos detalhes. Desejem-nos sorte!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Quando a criança só sabe falar chorando...


            Vou partilhar minha experiência pessoal,pois penso que se obtive bons resultado, talvez outras pessoas também consigam.
             Por muito tempo, desesperei-me com  minha filha cujas  lágrimas estavam sempre em seus olhos. Desde bebê, ela sempre foi muito chorona, mas com o passar dos anos parecia piorar mais e mais.
             Essa situação é difícil de contornar uma vez que com uma criança agressiva ou com conduta inadequada, o famoso time out funciona muito bem. Isola-se a criança para que ela pare, acalme-se e, com o tempo consiga refletir sobre o que fez de errado.Aconselha-se que fique sentada aproximadamente um minuto para cada ano de vida pois é o tempo suficiente para acalmá-la sem perder o foco do motivo que levou ao time out.
             Bem, mas o que fazer com uma linda menina que só chora?
             Quando era bebê, comecei a só atendê-la quando não chorava e redobrava a atenção e carinho quando estava sorridente.Assim que começou a falar, se ela pedia alguma coisa chorando, eu não atendia e deixava bem claro que somente quando ela fosse capaz de falar sem chorar,  eu providenciaria o que ela queria. Nesta etapa, funcionou. Foi difícil, pois ela desenvolvera o hábito de pedir tudo chorando. Mas, hábitos se formam e transformam.
             Ao crescer, procurei dar muita atenção,carinho, aconchego e conversa com a voz calma e um tempo para que ela se recuperasse.Algumas vezes, tive que ignorar ou permitir que ela por si só desse vazão aos sentimentos e aprendesse a controlar suas emoções. Com paciência e voz tranqüila ia explicando, ensinando técnicas de relaxamento, proporcionando momentos que ela aprendesse a falar e principalmente a nomear o que sente.Quando sabemos diferenciar uma sensação de um sentimento e um instinto de um fato, somos capazes de nos controlar e entender melhor.
              Parece fácil? Só parece. É um trabalho de uma vida inteira, afinal algumas mulheres parecem ter nascido com uma torneirinha aberta.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O que as mulheres querem?


       Mais uma vez, eu havia planejado uma atividade de listening com uma música, porém, por experiência, aprendi a analisar as emoções de minhas alunas antes de dar uma música romântica. Nesse dia, em especial, optei pelo plano B, pois percebi uma marca branca na mão onde antes estava uma aliança de compromisso, logo, definitivamente não era apropriado apresentar Adele num momento triste na vida de minha aluna.
       Na aula seguinte, ao ouvir a música tocando numa outra classe, a própria aluna me pediu que também desse aquela música. Então, expliquei minha atitude anterior. Ela agradeceu a atenção e carinho e começou a me explicar a história que me fez lembrar desta música:

Eu conheci uma menina diferente
Me apaixonei e foi assim tão de repente
Nunca pensei que pudesse gostar
De uma garota que só sabe me esnobar

       Assim, o rapaz se apaixonou pela menina diferente e definitivamente bonita e alegre que é a minha aluna, porém...

E ela já faz faculdade e eu aqui
Aprendendo a dirigir
Nem sei se vou me formar
E ela diz que um garotinho assim
Que só quer se divertir
Nunca vai te conquistar

Dizem que os opostos se atraem e é verdade; entretanto, não dura.

ela não gosta da minha roupa
Vive falando do meu cabelo
Reclama sempre o meu estranho jeito de falar


        Aprendi no livro “Os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus, de John Gray, que nunca devemos criticar os homens pois eles querem consertar tudo que acham estar errado e ficam extremamente magoados quando sugerimos que eles precisam de conserto. Portanto, ame o pacote completo, ou aprenda a tolerar, mas não tente mudar.

Mas quando beija a minha boca
Perde a cabeça e fica louca
É questão de tempo até você me namorar

       Apesar do desejo e até mesmo amar, as  meninas e mulheres de hoje estão mais exigentes. Eles querem um príncipe lindo e forte, mas também inteligente. Fiquem espertos, homens, os padrões de exigência mudaram muito!

domingo, 18 de março de 2012

Por que chorar?

Costumo brincar que mulher nasceu pra chorar..até no salão de beleza é um sofrimento: depilação, sobrancelha, unha, pedicure, escova e chapinha..rs..rs é um nunca acabar antes de sair...depois, aguentar o salto  durante o evento...e às vezes, de frustração, tristeza ou desapontamento ao voltar para casa. Pensando melhor, nem precisa chorar  por um dos sentimentos citados,  a noite pode ter sido um sucesso, e mesmo assim, chora-se de alegria e realização. Bem, se tudo isso não for suficiente, ainda rola uma TPM, que nos faz chorar sem saber como nem por que..Não..ainda não encerrei a lista de opções..também choramos ao ver um filme, ler uma poesia, em apresentações de teatro, música ou dança, até mesmo ao assistir um documentário...Sim..tem  jornalista que  faz a gente chorar em documentário..
buá..snif....derreti no Globo Repórter..E em apresentações de filho na escola...nem precisa ser filho, pode ser amigo do filho, filha da amiga ou aluno...ÀS vezes, acho que limpamos a alma só em chorar, desanuviamos tensões, choramos até de tanto rir..
Alguns médicos defendem a tese de que o fato de chorarmos tanto impede que tenhamos problemas cardíacos..Bem, pelo menos serve para alguma coisa esta torneira aberta o tempo todo.
Quanto aos homens, não se desesperem, vocês só precisam abraçar, aconchegar, acarinhar esperar sem pressa..acreditem..quando vocês são os culpados, nós não choramos com vocês..Nessas horas, procuramos o carinho das amigas. Não tentem nos consertar achando que estamos com algum vazamento crônico..isso passa..tudo na vida passa, pelo menos até  a próxima crise, aproveite o intervalo!


sexta-feira, 16 de março de 2012

Contágio

Como você se sente às 7 da manhã? Devagar quase parando? O cérebro parece estar em slow motion, não querendo pegar nem no tranco?

Se você sente tudo isso, não se desespere pois é bastante comum.Procure caprichar no café da manhã de forma a fornecer energia para o corpo e a mente.Além disso, capriche no sorriso e acredite que o dia será ótimo.

Hoje, pela manhã, ao chegar para minha rotineira aula de ginástica, deparei-me com minha professora. Como ela estava comemorando seu próprio aniversário, ela estava  simplesmente esfuziante de alegria. Este sentimento inundava toda a academia embriagando a todos juntamente com o delicioso aroma de café que exalava pelas salas de aula. Deixei-me contagiar e todas as alunas compartilharam desta gostosa sensação.

Apesar da aula bem puxada, dirigi-me para o supermercado onde tudo transcorreu bem até....

 ......chegar ao caixa. Uma senhora na minha frente estava contaminando todo o ambiente “espirrando” impropérios e reclamações. Ela reclamava do calor, do código de barras, da fila, das sacolas, das filhas....nada nem ninguém foi perdoado ou esquecido.

Quando chegou a minha vez de passar os produtos, a moça do caixa, já havia sido contaminada; entretanto, meu dia tinha  começado tão bem que ninguém conseguiria arruiná-lo, portanto, não permiti que o download fosse concluído, nem que o vírus fosse instalado. Mantive meu alto astral revivendo aqueles momentos alegres da minha manhã durante todo o dia. Assim, eu estava vacinada. 

Vacine-se você também! Escolha um momento feliz da sua vida que só tenha dependido de você. E, sempre que você estiver próximo a uma nuvem de contágio, fixe o pensamento naquele momento e proteja-se. Só depende de você.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Conversando na cozinha



Certa vez li no livro “Homens são de Marte e mulheres são de Vênus”, de John Gray que, ao conversarmos com um homem,  precisamos evitar o confronto pois o instinto masculino busca  partir para o ataque ao sentir-se ameaçado e é assim que o homem se sente ao conversarmos com ele frente à frente. O autor recomenda que a conversa ou DR -  discutir a relação - como chamamos atualmente, deve ser entabulada quando estamos  desenvolvendo alguma atividade juntos e conversando  lado a lado. Na mesma linha, também aprendi  em um congresso que precisamos, como professores de línguas, fazer com que os alunos pratiquem falar enquanto fazem alguma outra atividade, pois faz parte do cotidiano conversar enquanto fazemos outras atividades.

Assim, programo constantemente atividades em  que eu e meus filhos estejamos cozinhando juntos para,sem querer querendo, tocar em alguns assuntos mais críticos, porém não menos importantes. Falamos de sentimentos e comportamento enquanto nos aventuramos na arte da culinária.Neste sentido, acabamos criando oportunidades para desenvolver receitas de família que acompanharão a todos ativando as memórias olfativas e gustativas com muito prazer.

Com os alunos também, às vezes, o  chamado bater de frente, nem sempre é a melhor conduta. Aproveito as oportunidades em que eles estão criando algo ou mesmo fazendo atividades de cooking , gardening  ou preparando um jogo para abordar assuntos mais delicados. Em educação, há muitos caminhos, não tema a famosa tentativa e erro.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O Certo e o Errado na moda



Algumas revistas são típicas de sala de espera de dentista ou médicos.São aquelas  revistas de leitura fácil e rápida, pois não permanecemos muito tempo na sala. Nestas revistas, sempre gostei da coluna  que baseada em fotos tiradas na rua,  explica o que está errado ou certo em questão de moda. Até que certo dia, ao ler uma revista, li numa carta enviada à revista uma crítica afirmando que aquela conduta era ridícula pois cada um vestia-se como quer e, principalmente, como pode.Fiquei pensando que realmente não seria nada agradável deparar-me com uma foto minha numa revista como exemplo de algo errado ou ridículo.
Alguns anos se passaram, eu estava no trabalho quando recebi um telefonema me comunicando que uma pessoa que eu admirava e amava muito havia falecido.Sem hesitar, ao sair do trabalho fui diretamente ao velório, prestar minha última homenagem a esta amiga que partira e, também,  levar uma abraço e um pouco de consolo à família. Munida com estes sentimentos, dirigi-me ao local e lá permaneci por algumas horas.
Quando resolvi partir, sentei-me em um banco para apanhar as chaves do carro na bolsa e, neste momento, olhei para os meus pés e deparei-me com um belíssimo porém chamativo par de sapatos Pink neon. Na pressa e no turbilhão de pensamentos e sentimentos que me assolaram, a última coisa  em que eu havia pensado era se eu estava vestida para o local.
Bem, neste momento já era tarde para pensar nisso e fui para casa sem, entretanto deixar de observar os olhares assustados, surpresos e críticos das pessoas por onde eu passava.
Dirigindo para casa, recordei-me da coluna na revista e concordei com a crítica. O importante para mim, naquela noite, era rezar pela alma que partiu e confortar a família. Quanto à roupa que eu vestia ou o que eu calçava, posso dizer que não tinha a menor importância diante da morte.Acho até que minha amiga deve ter dado boas risadas de mim ao me ver assim em seu velório. Ali recordei-me dos ensinamentos de Cristo “não julgueis para não serdes julgados”

quinta-feira, 1 de março de 2012

Como começamos a nos interessar por ler?


Ao visitar a exposição de sessenta anos da teledramaturgia, comecei percorrendo a história da TV brasileira de uma maneira curiosa e, ao mesmo tempo, comecei brincando com minhas amigas que eu não lembrava de nada daquilo, pois sou muito "jovenzinha".

Entre muitos risos, comecei, interiormente, tentando lembrar-me qual foi a primeira novela que assisti. Nesta volta ao passado, fiquei triste e chocada. Triste porque todo aquele sentimento aparentemente esquecido na infância pareceu renascer e chocada com a riqueza de detalhes que ressuscitaram em minha mente e coração.

Lembrei-me com saudade da primeira novela que acompanhei interessada: As Pupilas do Sr Reitor. Meus pais, portugueses, acompanhavam a novela pois sentiam-se mais próximos das origens dele e eu acompanhando-os comecei a me interessar pelo enredo.Recordo-me de fazer muitas perguntas sobre os atores, os personagens e a forma como funcionava uma novela.Da novela mesmo, só me lembro da personagem Margarida ou Guida e que ela era uma moça muito doce. Porém, lembro-me com desespero do final da novela pois chorei muito..na verdade até demais na opinião da minha mãe.

Hoje, relembrando esse dia, comecei a refletir no que Goleman fala sobre  emoções em seu livro Inteligência Emocional. Na opinião dele, primeiramente temos que atribuir valor ao sentimento. Ao reconhecer e nomear o que sentimos estamos no caminho do auto-conhecimento e somos capazes de fazer escolhas sábias. Segundo o mencionado autor, devemos evitar dizer para uma criança que aquilo que ela está sentindo não é nada. Como não é nada???Ela está sofrendo de verdade e precisa entender o que está sentindo e ser consolada. Quando a novela acabou, senti a dor da perda. Eu chorava e pensava;”Como vou viver sem assistir a novela todos os dias? O que vai ser de mim?” Eu estava realmente sofrendo pois os personagens passaram a fazer parte da minha vida e da minha rotina, sem mencionar que a novela era um elo com meus pais, sua história e seus pensamentos.

Lembro também, que na estante de casa havia vários livros e As Pupilas do Sr Reitor era um deles. Eu andava com ele para todo lado. Ninguém queria ler o livro para mim pois diziam que não era para minha idade.Não compreendiam que eu havia encontrado um meio de continuar vivendo aquela aventura.

Quando comecei a aprender a ler, meu objetivo era ler aquele livro que carregava  já havia algum tempo comigo.Ninguém acreditava que eu leria o livro  mas, eu já era uma pessoa determinada e, com sete anos, já estava lendo  aquele livro de capa amarela e contando para todos o que eu lia. Ninguém acreditava que tão pequena ( nunca fui muito alta ..rs) lia literatura. E dali, não parei mais, li todos os livros da estante. Assim, nasceu uma leitora tão ávida que foi fazer Letras para estudar Literatura Portuguesa e durante dois anos foi monitora dessa disciplina. Minha professora, sabendo da minha paixão pelo mencionado livro, todo ano me pedia para dar as aulas sobre o livro enquanto ela cumpria funções burocráticas. E eu amava!!!

Voltando às novelas, houve um tempo que as novelas das seis eram sempre baseadas em livros clássicos e, claro, li todos. Acompanhava as novelas, comparava com os livros e, em meus devaneios de adolescente, vivia todas aquelas aventuras, inclusive concedendo-me o direito de concordar ou discordar das mudanças feitas.Interessei-me por Monteiro Lobato por causa da TV sem mencionar A Sucessora, Maria Dusá e tantas outras..virei uma noveleira de carteirinha mesmo.

Por tudo isso, eu tinha que ir à exposição mesmo. Eu não tinha ideia que aquele convite me levaria  a  uma viagem tão gostosa à minha infância e aos meus sentimentos. Descobri que, com a mesma intensidade que um adolescente sofre por amor ou um adulto sofre por perder um ente querido ou uma promoção, assim também, a criança sofre e precisa ser ouvida.

Fica a dica, visite a exposição e viaje no tempo e nas emoções.