terça-feira, 29 de julho de 2014

Penetra de sorte

Convite elegante..exigência de traje social e pontualidade. Seguindo a determinação à risca, a Lady chega ao Centro de Convenções, senta-se a mesa que está reservada para a sua empresa e enquanto saca o celular para ligar para os colegas, uma senhora se aproxima, vai sentando e pergunta se pode ficar ali até que as pessoas de sua mesa cheguem. A Lady assente e aguarda seus colegas chegarem conversando com a senhora.
As pessoas vão chegando, tirando suas conclusões e a distinta senhora lá permanece. Falta um lugar à mesa, mas a dita senhora não tão distinta nem se move. Uns acham que ela é sócia da Lady, outros que é cliente nova da firma e ainda outros acreditam que está acompanhando a Presidente da empresa!!! Mil e quinhentas fotos e selfies são tirados e a ilustre desconhecida sai em todas, inclusive sempre abraçada na aparente amiga de infância - a CEO da empresa!!!
A noite caminha agitada e animada regada a vinho e whisky. A ilustre companheira de evento tornou-se quase a anfitriã pois já oferecia bebidas a todos, chamava o garçon e comia as uvas e frutas supostamente colocadas como enfeite da mesa.
Lá pelas tantas, começou a se engraçar com o marido de uma das empresárias presentes e,como se não bastasse, assediou ninguém menos que a própria presidente!!!!
Situação esquisita e intolerável não fosse a animação da banda e o bom humor dos presentes. Lá pelas tantas, quando a maioria preferia ficar em pé a tolerar a senhora já bem temperada pelo vinho e whisky, ela resolve levantar-se e pasmem.....ela não conseguiu manter-se em pé e caiu, sem sentidos, em cima do marido de uma das convidadas.
Você acha que isso é demais??? - Nada disso. Prepare-se para morrer de inveja – ela saiu do recinto no colo do bombeiro!!!!!
Definitivamente, nem tudo é o que parece.


sábado, 19 de julho de 2014

Aula de História recente


Eis que eu e minha família estávamos em uma loja e, de repente, surpreendi-me voando para o passado na hora de efetuar o pagamento. Isto aconteceu porque paguei um casaco de uma marca famosa para meu filho com uma nota de 100 dólares, além do casaco ainda devolvi para a carteira mais 265 pesos.

Neste momento, sai da loja lembrando da época da alta inflação no Brasil e como professora que sou iniciei as aulas de história para meus filhos.

Houve época pré Presidente Fernando Henrique que a inflação estava tão alta que praticamente trocamos nossa moeda corrente por uma senhora chamada TR . Esta senhora possuía a capacidade invejável para qualquer mulher: renovação diária! A cada dia mais jovem e renovada. Digo isto porque este indexador era atualizado diariamente e os preços subiam assustadoramente.

Em virtude desta inflação desenfreada, desenvolvemos certos hábitos difíceis de largar até hoje como: estocar comida e pagar as contas só no dia do vencimento.

A ida mensal ao supermercado era uma maratona com carrinhos abarrotados e sem leitor de código de barra, é isto mesmo, os produtos eram registados um a um digitando cada produto. Levávamos horas para fazer as compras, olhando os preços, comparando, fazendo contas sem falar na fila do caixa. Ao chegar em casa, haja freezer e armários para guardar tudo. Outro, esquema era montado: passar os produtos com validade próxima para a frente e no fundo do armário as demais. Para o freezer, ainda era necessário etiquetar e verificar a validade. Era enlouquecedor!

O valor dos produtos mais caros como carros eram também em TR ou em dólares. Parcelamentos também eram com indexadores. Os carnês das mensalidades escolares eram emitidos mês a mês sempre atualizados e próximo da data de pagamento. E, assim, vivemos, anos a fio sem conseguir vislumbrar uma luz no fim do túnel. Viajar para o exterior parecia impossível pois nossa moeda estava muito desvalorizada.

Nesta viagem ao passado, compadeci-me da situação da Argentina. Eles que já tiveram uma moeda muito mais forte que a nossa, lotando os resorts brasileiros, aproveitando nossas praias e nos matando de inveja ao dizer: Dá-me dos!, hoje passa por uma situação bem difícil aceitando qualquer moeda desde que faça a venda.

Talvez meu choque tenha sido maior por ter vindo de um país cuja moeda - a libra esterlina- valia mais de quatro vezes o real, então inverter a situação foi bom, mas também assustador.

De qualquer forma, a viagem foi ótima. Usufrui momentos maravilhosos ao lado da família e amigos, mas sem deixar de ensinar um pouco de história recente do Brasil e de como a vida tem altos e baixos. Precisamos viver os momentos de glória, sem menosprezar os menos favorecidos pois a vida é uma roda. Ser filho de professora é assim, tudo é motivo de reflexão e aprendizagem até em férias!