domingo, 23 de outubro de 2016

Conversa com bebês

Catherine Shaw (1995) e outros pesquisadores têm estudado os efeitos da maneira como os pais falam com os filhos na aquisição da linguagem. Pesquisadores observaram, que em família, os adultos tendem a modificar a maneira como falam ao dirigir-se às crianças. Este discurso é caracterizado por um ritmo mais lento, intonação mais pausada, tom de voz mais alto, sentenças curtas, repetição constante e paráfrases.
Este estudo demonstrou que essa atitude em relação ao aprendizado da língua não é igual em todos os grupos sociais. Em algumas sociedades, os adultos não interagem  com crianças em termos de estabelecer diálogos. Em certos grupos na África, espera-se que a criança apenas observe  e ouça. Crianças não são motivadas a participar de conversas até que tenham desenvolvido habilidades verbais.
Apesar dessas diferenças inerentes a cada cultura ou  grupo sócio-econômico ou cultural,  em toda sociedade as crianças estão em situações nas quais escutam a língua em um ambiente  contextualizado e adquirem competência na comunidade linguística a que pertencem. Por isso, é difícil julgar o efeito causado pelas modificações no discurso direcionada a crianças.
Fonte How languages are learned by Patsy M. Lightbown and Nina Spada

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Medo? Medo de quê?

Frente ao medo que os filhos demonstram, muitos pais tendem a menosprezar o sentimento das crianças. Na verdade, especialistas recomendam que os pais confortem com paciência e serenidade. Os medos mais comuns são do escuro, de monstros, de palhaços e do barulho de bolas de gás estourando.
Lembro-me ainda do meu irmão, com muito medo do escuro. Morávamos numa casa onde os interruptores de luz ficavam no alto, longe das mãozinhas das crianças menores. Para completar, é claro que meu pai fazia a campanha: ”Pensam que sou sócio da Light?” E com esse bordão, salas não utilizadas, estavam no escuro. Além disso, morar em casa, sempre é uma aventura, pois há cômodos fechados, portas que batem e madeira que estala. Tudo propiciando e favorecendo o crescimento deste medo. Ao meu irmão, restava contar com a minha boa vontade para acender as luzes. Infelizmente, nem sempre eu era assim solícita.
Por tudo isso que vivi de perto, preocupo-me com as crianças e a superação desses medos. Para auxiliá-las, leio histórias, escuto o que dizem e uso a técnica do Ridículo. Esta técnica, não se trata de ridicularizar a criança ou o medo infundado ou irracional. O objetivo é auxiliar a criança a superar o medo.
Mostro aos alunos a cena do filme Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, onde na aula de defesa contra as Artes das Trevas, o professor ensina o feitiço para superar o medo. Os alunos se divertem e ocasionalmente usam a técnica para superar os medos.
Fica a dica para uso em casa ou na escola:

https://www.youtube.com/watch?v=zAGBb9NYAiw

domingo, 2 de outubro de 2016

Minha vida de mãe de intercambista

Quando esta aventura começou, eu pensei que não conseguiria sobreviver a este ano. Ficar um ano longe do meu filho parecia impensável. Imaginei que sucumbiria em dois meses. Por que um ano? Seis meses seriam mais que suficientes. Ledo engano. Começo a achar que o período deveria ser de dois anos. Acredite em mim, mudei de ideia.
Após meses de documentos, planilhas, testes, entrevistas, o dia da partida chegou.
( veja: http://www.consideracoessobreeducacao.com.br/tecnica-para-nao-chorar-no-aeroporto/ )
Sempre sonhei com uma família grande. Eu era ainda adolescente já me imaginava com quatro filhos, queria uma mesa cheia de gente. Acabei tendo apenas dois, mas o programa de intercâmbio trouxe-me mais filhos. Oficialmente, recebi em minha casa um alemão, um mexicano e duas francesas. Mas, na verdade, meus fins de semana eram repletos de hóspedes fixos e eventuais. Hospedei intercambistas vindos dos mais variados países e distritos: turcos, mexicanos,italianos, tchecos, americanos, dinamarqueses, belgas.. Os vizinhos e amigos diziam que a ONU se reunia em casa.
O objetivo do Programa de Intercâmbio foi plenamente atingido, aprendemos a compreender a cultura de outros países e almejar a Paz no mundo pois criamos laços permanentes em todas as partes do mundo.


Enquanto nossos filhos biológicos estavam em intercâmbio, nós, mães, também vivemos o nosso intercâmbio, inclusive de filhos com o troca-troca de famílias hospedeiras. Definitivamente, foi um ano para aprender que as despedidas fazem parte da vida. Mas, também, criamos laços de amizade no Brasil e no exterior para toda a vida.

Carpe Diem: filosofia de um intercambista

Por que a vida de intercambista é tão especial?
Amigos,  viagens, baladas, aventuras, liberdade.  Tudo isso, além de aprender ou aperfeiçoar um idioma e aprender sobre a cultura de um país, parecem ser razões suficientes para sonhar com este ano especial. É um ano de tanto aprendizado, que é sempre usado como referência no CV para o resto da sua vida.
Na verdade, todo intercambista é digno de admiração. Largar seu país, seu lar, familiares e amigos e mudar  para um outro país, começar uma nova vida do zero. Para muitos, significa perder o ano escolar, inclusive.
Já se imaginou morando por um ano em uma outra casa com pessoas que você nunca viu antes em sua vida? E ainda por cima nem entendem o que você diz? Sem falar na viagem de horas, muitas vezes sozinho.
Tem que ter muita coragem mesmo!!!
E por que um ano? Antes de viver esta experiência, eu também achava que era tempo demais. Hoje vejo que é o período perfeito. É o tempo que a pessoa leva para dominar  fluentemente o idioma, não tropeçar nos costumes,  vivenciar um ciclo completo e desligar-se por completo do que ficou. Após este período chega o duro momento de voltar à realidade…o GAP year termina. Todavia, constrói-se  um gap year recheado de ensinamentos e experiências.
Muitas coisas boas  acontecem, porém coisas nem tão boas também acontecem. Incidentes,  desencontros, doenças, controvérsias, dificuldades de adaptação e um milhão de coisas corriqueiramente podem surgir. É assim que se fica independente e amadurecido. Um crescimento forçado e necessário.
Os valores sofrem ajustes e mudanças. Adquirem-se mais alguns, desenvolvem-se outros, estabelecem-se laços, desfazem – se outros. Também é um ano de reflexão.
Nesta reflexão, um intercambista  me explicou:
“Sabe porque este ano é tão intenso, especial e único? Porque sabemos que é só por um ano e cada vez que estamos cansados, desiludidos com saudades ou achamos que está muito difícil, lembramos que é só por um ano. Então, nos erguemos e vamos viver. Sem preguiça, sem medo..é só por um ano!”
Nada será novamente igual. A vida segue seu curso como sempre: as pessoas crescem, mudam, os intercambistas vão e vêm. Momentos que jamais se repetirão. Quando absorvemos a lição de que nada será igual novamente, passamos a viver mais o hoje e levamos em nossa memória e em nosso coração o aroma, o sabor das comidas típicas, as risadas, as palavras, o sorriso, as lágrimas, as músicas e as  centenas de histórias.
Fica a grande lição: CARPE DIEM.

Pra que ter um filho?

Meu filho era bem pequeno, talvez uns seis anos e me perguntou de chofre, ou seja sem rodeios,  “mãe , você teve filhos para te dizer aonde você estacionou o carro no estacionamento do shopping?”  Ri sem parar com essa colocação e fiquei pensando se ele teria noção do quanto custa ter e educar um filho. Sairia bem mais barato  andar de táxi toda a minha vida!!
Bem, Içami Tiba defende que os filhos devem se sentir parte da família  e  para que esse processo aconteça é necessário que cada membro da família tenha obrigações claras dentro da engrenagem familiar. Dentre as tarefas de meu filho, como fazer compras, cuidar de nossa cachorra e trocar lâmpadas, estava a de deletar as páginas e pastas que cismam em surgir todo dia em meu celular. A causa deve ser a tal  de geração espontânea que Darwin defendia. Este processo acontece em meu celular todo dia. Meu lindo filho, de vez em quando, pegava meu celular e fazia uma limpa.
Um tempo antes de partir, eu questionei-o sobre como eu faria depois que ele mudasse para o outro lado do Equador e do Greenwich. Muito prático, ele me respondeu “ pede para seus alunos ou para os intercambistas.”
Bem, restou-me rezar para que essa multiplicação cessasse naturalmente, porém isto não aconteceu nem com todas as minhas preces para Nossa Senhora protetora dos celulares e das mães abandonadas.
O resultado não foi positivo e rapidamente lá estavam as páginas surgindo em meu celular novamente. Pedi para uma amiga que não soube fazê-lo e me sugeriu que fosse à loja.
Decidida que não me deixaria vencer por uma página que ousa surgir sem ser convidada para assombrar meu celular, e um pouco de vergonha misturada com orgulho, comecei o caminho normal: tentativa  e erro. Após algumas tentativas seguidas de diversos erros, a Luz se fez e aprendi!! Sou até capaz de alterar o lugar dos ícones!!! Com certeza, ele voltará diferente, entretanto, encontrará também uma mãe diferente!
Aprendi que sou capaz de fazer muitas coisas sozinha. Mas, ainda não achei a receita para sentir menos saudade.